domingo, 25 de setembro de 2011

[estrelas]


A estrela menor pergunta para a maior o que fazem eles sentados olhando para nós se estamos tão distantes? Ficam sonhando responde.



Os namorados diante da estrela mais próxima, a Centauri, que está a 4,2 anos luz, faz juras eternas. Centauri de olhos bem abertos atenta ao pedido pequeno como arranjar um emprego, passar no vestibular, comprar a casa própria ou até mesmo que no próximo fim-de-semana não chova. Centauri vai mandando um piscar de olhos aqui e outro ali. Uma beleza para cá e outra para lá. E em algum lugar da terra surge uma canção tão bonita que mesmo os desafinados cantam ela com harmonia. Quando os pedidos parecem impossíveis dizem que o trabalho fica mesmo para a Alpha Orionis, a maior de todas elas.



Alpha Orionis é muito séria, filosófica e como conta Vênus elege para si a dor do mundo. Aquele que se senta e chora pelo filho que virou estrela, pelo câncer que não tem volta, pelo soldado que está na guerra, pela criança que não se alimenta, por aquele que folheia os livros e não lê por não ter ido à escola. Quando Alpha Orionis recebe muitos pedidos para que os homens compartilhem a abundância, aumentem a benevolência, sejam mais amáveis e justos, tenham mais fé e luz. Estes pedidos que aparecem muito no Natal, então a gigante desaba e chove. A chuva lava a dor.



Mas é mesmo a Sirius, que possui um brilho 26 vezes maior do que o Sol, que coleciona as mais extravagantes e peculiares tarefas. A tarefa de trazer o filho que sumiu de casa, de fazer a dieta dar certo, de tornar a tentativa em uma gravidez. Nos ouvidos de Sirius está à vontade do verdureiro de se tornar dono do seu próprio supermercado, do artista fazer seu best seller, de fechar o negócio, de salvar o casamento, de parar de fumar, de dar fim aquele efeito sanfona, de acertar na mega sena, do time ser campeão, de ouvir um milhão de confissões de amigos bem embaixo de seu nariz e guardar segredo. Gani medes, Titan, Phobos, Sinope e Sharon adoram uma fofoca, os satélites têm língua de trapo. Não há o que escutem que não queiram imediatamente colocar na boca do universo.



Sirius está sempre alegre e radiante para o poeta, quer que sua arte continue fazendo pessoas apaixonadas. Para atriz e para o ator – quer que mesmo com casa vazia, vazio seria o mundo sem um tablado. Para o pintor – quer que mesmo não tendo conseguido um Vernissage em Galeria e vinho branco, permaneça pintando um arco-íris no caderno da menina que vai para o seu primeiro dia de aula. Para o músico – quer que reduza com suas cordas essa corda no pescoço que vivemos.



Nas cidades grandes não dá para ver muitas estrelas. A luz artificial vinda dos outdoors, dos back lights, dos front lights, das vitrines, dos automóveis, dos prédios faraônicos, dos poste, desse medo de sentar na calçada e olhar para cima, ofuscam o nosso sonhar.

[é bom]


É bom um café com pão bem novinho, é bom um sorvete que derrete pela mão, é bom olhar para estrelas e ver os sonhos, é bom ir tentando, uma hora dá certo, se por meia dúzia de semana,
ou lá vários anos. O bom é quando o amor foi bom.
 É da Natureza o fim. Sei ainda muito pouco
de dar ou aceitar o fim. Tenho tentado aprender
a não me refujiar no ínicio.