segunda-feira, 19 de julho de 2010

[laranjas do céu]

Alguém pode entrar em nossas vidas galopante. Ou pode entrar com quietude.


Alguém pode entrar em nossas vidas pelo Chat, mas pode ser um olhar no playground.

Alguém pode sair do nada e dar em tudo.

Pode se ter a sensação que sempre esteve lá escrito, ou que tudo ainda está para se escrever. Seja lá como for deixe que entre.

Quando acreditamos que as Laranjas são todas iguais. Perdemos de apreciar as Laranjas do Céu.

[aviso]

Iam desfilando sobre seus olhos as moedas que não eram moedas, nem varetas, eram pedras de runas.


O I Ching colocava que o momento era de renascimento. Ufa, foi como se sentiu. Nesses tempos devemos ir com calma, não nos expormos em demasia, para que possamos acessar nossa força interna e ela trabalhe ao nosso favor. Como iria realizar isso. Tudo que tinha era essa coisa de se meter, de se atirar, de emergir até perder o fôlego, de nunca estar de férias.

Seu espírito de guerreira certas noites se assustava. Os medos entravam pelas janelas mesmo as janelas estando fechadas. Nada de mais para quem olhasse de fora, tudo de mais para quem estivesse naquela pele. Camila parecia de pedra e por isso que água mole algumas vezes tanto batia que até furava.

A passarela da frente da rodoviária, os automóveis passando um a um, era assim antes, agora são outras passarelas e outros automóveis. Camila tira o sobretudo do armário, porque está muito frio. Cozinha alguma coisa e volta a fazer funcionar seus neurônios. Pensa que se fosse fumante talvez no primeiro momento tivesse mais paz. Claro que depois poderia sofrer de algum câncer, mas hoje estava mais interessada no momento.

Desenvolvimento e progresso também estavam contidos naquele aviso. Estava precisando disso. Um cheiro de queimado e olha para frigideira e as salsichas estão prestes a virar carvão. Ovos! As salsichas viraram um carvão e uma omelete é a saída.

Senta-se e mais uma vez organiza as idéias. Ouve a voz lhe falando como se estivesse diante de si: o poder do conteúdo compensará a simplicidade da forma. Nessa sua vida toda tinha dado muito maior valor às coisas por aquilo que são e não pelos seus modismos, por sua estética, pelo seu charme. Morava num apartamento minúsculo e só se mudaria se tivesse que estar mais perto do centro. Era assim que pensava e não agiria em conflito com o que pensava.

Num dia de manhã largou um cravo embaixo de uma frondosa árvore. Esqueceu que pessoas podiam estar passando, esqueceu quem podia estar olhando, lembrou só de si e de que se nos avisam é porque estão preocupados com a gente. No mínimo dar atenção pode remediar muitas dores que são oriundas por estarmos naquela de sempre deixar assim. Sentiu-se um pouco deusa agradecendo seus deuses. Saiu de lá de dentro e se colocou lá para fora. A coragem não veio de outro mundo. Ela só estava dormindo e suspeitamente acordou. O sono então pode voltar a sonhar. Mas faria o que deveria ser feito – o recado.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

[madalena e cristo]

Tolice, insensatez, coração mole. Mas o que queríamos mesmo é que numa noite estrelada Cristo tivesse levado Madalena até em casa, parado em frente ao portão e ele ter dito a ela como era uma pessoa especial, como era bonita e como a cada dia estava mais bonita ainda. Madalena nada teria falado. Madalena teria retribuído com um afagar nos seus longos cabelos. Teria encostado seu rosto no rosto dele e ele teria beijado-a. Madalena que antes estava pálida, agora estava corada. Cristo que tinha palavras para tudo então estava em silêncio.


Leonardo nasceu menino como todos os outros numa cidade pequena em Genebra. Leonardo brincou, amou e não tinha apenas uma inteligência diferenciada, tinha uma alma diferenciada. Leonardo quis um final feliz para as mulheres. O manto sagrado e sangrento que por séculos vem as colocando de fora não era a cor da arte dele. Talvez por isso que enquanto deu desistiu da idéia de cruz e partiu para uma idéia de amor. Não porque era libertino, mas porque era liberdade. Esse era o seu maior código. O código da Vinci.

[lâmpada]

Quando acordou tinha que juntar os cacos da porcelana que não era japonesa, mas era a melhor porcelana que conseguiu fazer nesses anos todos. O amor é paz e não tormenta, o amor é liberdade e não fronteira, o amor faz bem e não faz mal. O amor que traz dor é o amor que teme a felicidade e se esconde, o amor que vive na tormenta é o amor que teme a vida e escolhe a morte, o amor que existe na submissão é o amor que vive de pouco porque quem muito recebe, muito tem que dar. Escreveu no vidro do seu carro que a vida não pára. Isso é uma verdade bem difícil de entender.

Perder é uma luz que apaga e temos que ficar tateando para achar o interruptor e sair daquela escuridão. Mas a vida tem que andar. Porque a vida tem essa luz.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

[olhos de dragão]

Adorou os cachorros. Parecia terem vindo de um mundo encantado. Cabeça grande, corpo pequeno, mas robusto e, eram meigos, completamente meigos. É difícil se deparar com algo forte, mas que não demonstre nenhum perigo.


Riu quando encontrou aquele banheiro dentro do armário, riu novamente quando viu aquele quarto com três camas e aí foi seu corpo que riu quando viu a cama. Não esqueceu que a luz deveria ficar acesa. Dormiu e sonhou.

Ele os conquistou e eles o conquistaram, a ordem não faz muita importância, porque a ordem só faz importância onde existe desordem.

Seus olhos de dragão iam iluminando e se iluminando naqueles dias. É lamentável que quando crescemos, quando passamos a ser adultos, nossos olhos ao invés de serem lanternas passam a criar incêndios sobre aquilo que é felicidade.

[flores]

Mulheres amam flores porque embelezam e embelezando se tornam belas. Pois, nem tudo que é belo embeleza, mas tudo que embeleza fica belo.


Mulheres amam flores porque não são quantitativas, são qualitativas. O quantitativo na maioria das vezes não é cuidadoso, a qualidade é que exige “detalhes tão pequenos de nós dois”.

Mulheres amam flores porque elas expressam outro tempo de duração. Mesmo depois de sua despedida as flores permanecem com seu aroma nos olhos, pela pele, dentro do coração ou mesmo em folhas secas marcando livros.

Mulheres amam flores porque são doces, porque são amáveis, porque são carinhosas, porque são poéticas e são poemas. E isso é tão bom num dia, em dois dias, num mês, para toda vida.

Mulheres amam flores também por seus espinhos. Desde cedo aprendem que as coisas nem sempre são um mar de rosas.

Mulheres amam flores porque são a homônimos de jantares a luz de velas, dedos nos lábios, príncipes, bilhetinhos de amor, olhos nos olhos, diálogos, palavras que sopram nos ouvidos, ouvidos que dão arrepios na coluna e mundos encantados que se passam por debaixo dos lençóis.

Mulheres amam flores porque flores contam da sensibilidade, contam da ternura, contam das almas apaixonadas, contam da felicidade. Mas, contam mesmo, que toda história de vida é perfumada.

Repare bem e vai notar que um buquê desarmar uma briga, cara feia, dentes cerrados, faz a porta que está fechada abrir. É uma nova chance, literalmente uma flor faz um coração amolecer. Até porque, os corações não foram feitos para endurecer.

Mulheres amam flores. Amam as flores porque as flores são românticas e para ser romântico é preciso tudo sem precisar nada. Mulheres amam flores porque é uma declaração de amor. E esse tipo de coisa os homens também deveriam amar.