quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

[um Q]

Iam ali de asa delta. Um corpo ao lado do outro e lá embaixo a selva. No horizonte o mar onde deviam pousar. Fizeram aquele vôo para colocar as diferenças em dia. Já que ele não desejava dialogar com ela após o sexo e ela não desejava dialogar com ele enquanto lia o jornal no café da manhã. Então, acertaram assim.


Totalmente diferentes, mas completamente iguais. Tipo dois bicudos tentando se beijar. Uma dessas relações modernas. Um tipo de feijoada com gosto de mocotó. Samba Rock. Umas vezes mais preto do que no branco. Outras vezes mais Rock do que samba. Dava um amor, um humor e outras horas tudo dava mesmo em alguns pratos quebrados e caras torcidas por semanas.

Lá em cima começaram com a pia que ele não se dava o trabalho de chamar o entupidor, diga lá se ia meter a mão na graxa. Também não deixou por menos. Estupidamente foi falando dos amigos dela que iam fazer um som e enquanto não tomavam tudo que existia em álcool, a noite permanecia uma criança.

A asa delta pendia para um lado e um deles se aproximava mais do outro e até pensavam em se beijar e parar com aquela bobagem. Mas a quebra de braço tinha sido acertada que só terminaria quando chegassem na areia. Passaram em revista as saias mais justas, o futebolzinho, o cinema, a festa a fantasia, o natal, o ano novo que não saiu no Rio e a perciana é claro que os acordava todas as manhãs porque tinha que ficar aberta. Ela deu os primeiros passos na areia escaldante e quando os dela tocaram ouviu os seus gemidos. Depois também viu umas lágrimas escorrerem do seu rosto e quando finalmente estavam em areia firme rapidamente ele desmontou tudo pegou ela no colo e correu até o mar. Naquele sábado a noite não saíram para dançar, ficaram namorando, enquanto os pés dela estavam mergulhados dentro da água quente.

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