quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

[dama de espadas]

A praça de alimentação às cinco horas da tarde reúne os que estão indo ou os que estão voltando. Os que estão? Estão ocupados. Ocupados nos escritórios com seus relatórios, nas salas de aula com a matéria de aritmética. Outros e outras apenas lavando a roupa e a estendo na janela, ainda com as manchas de maracujá.


Eles pediram dois expressos. Um mais amargo e outro açucarado. O negro de olhos castanhos esverdeados ficou com o doce e a moça com cabelos de trigo e lábios de vinho puxou para o seu lado o café mais forte e mais viscoso.

Ela deu algumas ordens aqui e outras ali. Disse que deveria melhorar seu comportamento com as clientes e paginou algumas fotos de uma revista. Ao longe a impressão que dava era de estar mostrando a ele roupas que condiziam mais com a situação. O riso dele era nervoso e fez menção de pagar a conta, mas ela não deixou. Mais do que depressa retirou algumas notas de uma carteira tipo imitação Chanel e com um ar de poder e humilhação alcançou o que devia para o garçom.

Ele saiu e mais ou menos quinze minutos um homem branco de olhos castanhos escuro e corpulento se sentou na mesma cadeira do negro. A mesma cena se repetiu. No intervalo de 1 hora alguns outros homens tiveram o mesmo destino. Ela beijou todos eles com seu batom vermelho e sua boca carnuda. Eles pertenciam a ela, dama de espadas.

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