quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

[Yemanjá]

A água está no nosso corpo, como a água está em tudo que está vivo. A água é vida. Yemanjá tornou seu reino as águas do mar, então o que não tinha brilho e cor, passou a ser prata e azul. Tudo está em Yemanjá: sereias, mariscos, cavalos marinhos, golfinhos, estrelas-do-mar, peixes, o jundiá, madrepérolas, conchas. A água que vai forte e vem fraca, a vida que vai forte e vem fraca. A água que vai fraca e vem forte, a vida que vem fraca e vai forte. Yemanjá é a combinação de mansidão e força. De que não são só os exércitos é que vencem, mas que a graciosidade e a beleza também são uma grande espada.


Todos os Orixás tinham uma missão determinada por Olorum, a missão de Yemanjá era de cuidar de Oxalá. Yemanjá queria um posto na terra, um grau que lhe conferisse oferendas e homenagens como todos os outros Orixás. Yemanjá não queria só cuidar da casa de Oxalá. Tanto foi o falatório de Yemanjá que ele a encarregou de cuidar do Ori de todos os mortais. Desde então é conhecida como à senhora de todas as cabeças. São grandes as oferendas para Yemanjá, não se deve entrar no Mar sem que ela seja saudada. Seu Ebó leva canjica branca com merengue e arroz de leite e todas as coisas belas que se possa homenageá-la. Yemanjá é apaixonada pela graciosidade. Flores para Yemanjá. Hortênsias, rosas ou palmas azuis.

Se Exu é o poder da comunicação e Xangô o império da Lei, Yemanjá é o amor que se tem pelo outro.

Naquela tarde quando o sol estava à beira de abandonar as pastagens para Oxu, a lua, Olorum convocou todos os Orixás e falou-lhes:

Os homens devem ter respeito a Olorum, os homens devem ter admiração a Olorum, os homens devem obediência a Olorum, os homens devem querer Olorum sobre todas as coisas, mas acima de tudo os homens devem amar Olorum. Olorum quer que os homens o amem aconteça o que acontecer.

Xangô sempre briguento já foi dizendo que para os homens amarem Olorum teria que levar ao conhecimento de todos que se não procedessem assim suas pastagens pegariam fogo. Não adiantaria os homens perderem suas pastagens para que amassem Olorum, assim só teriam medo, falou Oxalá. Então Exu disse que os homens e mulheres que não amassem Olorum deveriam perder o falar e o escutar. Desta forma, passariam a ter que perceber todas as criações de Olorum. Uma idéia interessante, disse Nanã que, comanda a sabedoria dos mais velhos. Mas, indagou, não pode ocorrer o dia em que não haja mais ninguém falando da natureza iluminada de Olorum? Aquilo se seguiu por dias, cada Orixá dando a sua opinião e outro contradizendo. Até que chegou aos ouvidos da Mãe das Águas do mar. Diante de todos Yemanjá disse que homem e mulher deveriam poder viver em pares. Ossanha logo foi perguntando que tipo de magia era a que ela desejava? E Yemanjá não perdeu a sua beleza, logo foi respondendo:

- Que os mortais amando-se, nesse amor, profundo, mas finito, com a intensidade do fogo que tudo faz arder, do ar que tudo faz conhecer, da água que tudo lava e banha, da terra que a tudo da forma, possam sentindo esse esplendor apreender a amar Olorum. Porque isso também é da essência de Olorum.

Olorum em sua magnitude sentenciou:

“Desde hoje e para o sempre, homem e mulher, poderão se amar e amando-se poderão aprender e a desfrutar nesse amor, o amor de Olorum”.

Omi trará em suas ondas notícias de como está sendo o comportamento de homens e mulheres. Encarrego Omi também dos encontros e desencontros causados por esse novo tipo de amor e ainda responsabilizo-te pela solidão e pelos solitários. Por aqueles que procurando se perdem, por aqueles que se perdem por tanto procurar, por aqueles que se fazem estáticos desesperançados de nada encontrar.

Nesse tempo e nesse agora te concedo a honra de ser a Senhora das Cabeças e também a Senhora dos Corações, Senhora da Natureza Humana, dona da confiança, do companheirismo, da capacidade de perdoar as pequenas falhas humanas e junto com Oxum também reinará sobre tudo que é belo, tudo que é doce, sentimental e da maternidade, por isso também pertencendo ao teu reino o poder da fecundidade.

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