quinta-feira, 11 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher.




100% de igualdade para que vocês tragam 100% das suas desigualdades.



As mulheres devem ser tratadas iguais aos homens. Mesmo após 100 anos isso ainda vem se corporificando, como uma alma fantasma, silenciosa, nebulosa, que ao invés de construção, desconstrói a partir de uma vagância que perambula comentários pejorativos e perniciosos.

Cupim na madeira: as risadinhas que correm aqui, as piadinhas sem nexo, os olhares enviesados, a dita falação do que pode e do que não pode. Em terra de homens quem fala grosso é vitalicio.

O garçom pergunta o que vou beber e delicadamente deixo que minha amiga escolha a embriagues dessa nossa noite. Ela bebe um chopp preto e eu um café com chantilly. O garçom deixa diante da minha pessoa o chopp preto e da minha amiga o café com chantilly, sorrimos um para o outro e trocamos nossas embriagueses.

É uma embriagues tratar pessoas com igualdade. No mínimo uma tontura presentear com vinho quem não bebe, chocolate para quem está de dieta, levar flores para quem tem alergia a pólen. O sentido da igualdade é o caminho da preguiça. O mundo moderno é preguiçoso. Manda emails e não se visita, joga futebol pelo vídeo game, lista de amigo secreto pela internet. Essa idéia patológica de emagrecer, tirou as calorias dos relacionamentos e os relacionamentos sem caloria não enxergam o que seria do amarelo se todo mundo gostasse do vermelho.

Desculpe-me as Simones de Beauvoir, as Marguerites Duras , aos eufemistas histéricos que desejam igualdade entre homens e mulheres, quando me parece que é para repetir o mesma cultura dos assassinos.

Não me lembro de mulheres terem mandado convocar soldados para o Vietnã, não me lembro de mulheres estarem a frente das maiores indústrias que poluíram o mundo, não me lembro das mulheres terem participado ativamente deste abismo que nos encontramos. Os assassinos gostam de confrarias, de despedidas de solteiros, de abusos sexuais, de infidelidade. Gostam de fazer o inferno e pedir mais tarde a benção dos seus pecados na igreja. E como o homem de hábito e aquele que ele representa também são masculinos, estão todos perdoados. Se é dessa igualdade que falamos, prefiro pensar em bandeira branca. Desejos suas desigualdades.

Salvem – nos com suas diferenças. Porque vocês tem peito e nós perdemos o nosso ao longo da história. Salvem-nos porque vocês sangram e o nosso está diluído no interesse e na vantagem. Salvem-nos com seu amor e paixão porque nós passamos a acreditar que o dinheiro pode mais que o sentir. Nenhuma mulher é igual a outra. É sábio reconhecer essas diferenças. Salvem-nos porque vocês engravidam e cada qual do seu jeito. Tem TPM e cada qual do seu jeito. Dizem que sim quando querem dizer que não, dizem que não quando querem dizer que sim, mas isso é de mulher para mulher. Gostam de sexo, mas cada qual do seu jeito. Passam batom e usam perfumes – umas. Outras só passam batom e não usam perfume. Ainda tem as que nem dão bola para essas coisas. Mas cada qual do seu jeito.

Nós homens sonhamos apenas quando a luz se apaga. Salvem-nos, só as suas diferenças talvez possam nos fazer ver o mundo novamente como meninos. Em algum lugar desse mundo alguém denominou o inicio, o começo, o princípio, com nome de mulher – Aurora.

Um comentário:

  1. Oi, estou devolvendo a visita e fiquei muito feliz ao ler o teu texto. Infelizmente, tu és raro assim como tuas palavras. Sinto cada vez mais em evidência tais desigualdades, uma vez que moro em um estado, atualmente, em que as mulheres são tratadas meramente como objetos e aceitam esse papel. Enfim, gostaria de saber se seria possível postar o teu texto no meu blog? Abraços.

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