sexta-feira, 24 de junho de 2011

[do que não vem]

Naquela noite ela não deixou o seu endereço, mas deixou uma marca no seu corpo. Nos outros dias pode sentir o perfume dela se derramando pelas calçadas. Viu aquela essência cítrica banhando os seus sonhos. Mas o mundo é tão vasto para um encontro casual.


Quis beijá-la, mas estava embriagada. Desejou por um momento só passar a mão em seus cabelos, mas trocaram apenas olhares e foi o olho dela no seu olho que propagaram confissões. Sabe-se lá se ela tentou – ela tentou. Sentaram-se frente a frente e por um instante ouviram o som romântico da locomotiva de trem avisando para que pudessem encostar seus sonhos um sobre o colo do outro. Mas o bilhete foi voando por aquele saguão tocado pelo vento que se perdeu.

É difícil saber do futuro. Ele não tem endereço certo. Hora mora na esquina, outras em estado de espírito tão distante. Bem como pode ser um país apenas imaginário, imaginado. O tempo é o correio do futuro e a memória cartão postal. Ele disfarça e quando percebemos o abandono. Uma matemática feita do que não vem.

Na despedida apenas uma oportunidade de um beijo mais marcante. Ela disse para ele vá com Deus. De volta ele ficou a esbravejar com Deus, porque ele lá do seu lugar não foi logo se metendo no assunto com sua voz celestial - Não minha menina, não é bem a minha companhia que ele quer é a sua. Deus também algumas vezes é tão educado.

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