segunda-feira, 13 de junho de 2011

[substituto]

Deixou a roupa quase que fraterna das 12 horas de trabalho no varal. Antes deu uma boa lavada na camisa que ainda continha pingos de sangue. Foi ao banheiro e escovou os dentes, lavou o rosto e não eram ainda 7 horas quando deitou-se e dormiu.


O relógio não marcava 16 horas quando foi ver o que acontecia entre uma calçada e outra. Comprou alguns doces e deu para o menino que brincava na gangorra. Viu quando a mãe mandou o filho colocar os doces fora, mas não se abalou. Perto das 18 horas foi ao cinema e duas 2 horas mais tarde estava em casa.

Deixou dentro do armário o homem doce que era, pendurou o coração no cabide e os olhos colocou dentro da primeira gaveta. Banhou-se para tirar o perfume e separou as correspondências. As que eram para Petterssen ficavam sobre a mesa e as que eram para Linardi embaixo do colchão. Fez uma ou duas ligações. As que eram para Ana, a voz era rispida, as que eram para Margarida, a voz era melosa e apaixonada.

Na primeira página do jornal de domingo Petterssen inaugurava mais uma amostra de várias obras de arte com um contorno suave da anatomia feminina. Linardi leu aquilo e amassou a reportagem e a colocou para queimar junto a lareira. É impossível acabar não sendo do jeito que os outros acreditam que você é.

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