quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Óculos Escuros.


Mais dia, menos dia, vai entrar a primavera e o céu vai ficar mais limpo e poderemos ver as estrelas com mais facilidade.

O Lorenzo desenha suas estrelas nas suas folhas de papel. Algumas vezes elas são de seis pontas em outras são de cinco. Vejo que nem sempre são amarelas, percebo que ele permite uma constelação com estrelas verdes, prateadas, azuis e até mesmo negras. Pérolas negras.
Não acredito que as televisões, as colunas sociais, os comentaristas de futebol, os critícos, a publicidade, ou seja lá quem for que tenha poder de convencimento sobre o outro ou muitos outros possa desenhar suas estrelas como as do Lorenzo. É fácil colocar um spot sobre algo e fazer esse algo brilhar. Mas, a estrela, essas de cinco ou seis pontas, feitas da matéria pura da inocência, permanecem brilhando mesmo no escuro.

Podemos acreditar que o Mercedes-Benz seja uma estrela, podemos acreditar que a escandalosa da Vanessa Camargo seja uma estrela, podemos acreditar que os bonitinhos como Felipe Dylon, ...sejam estrelas. Até é possível supor que pessoas doentes pela fama como a Adriana Galisteu, o Faustão, o Gugu, a Xuxa, as nuas da Playboy, os exibidos da Caras, os insanos das páginas amarelas da Veja, os trangênicos da música sertaneja e do pagode, ou as mais novas constelações de safados que brilham com suas desonestidades nas CPIs sejam estrelas. Mas, as estrelas brilham eternamente, mesmo não estando lá.

A juventude, a beleza, a pele esticadinha, o corpo, não são suficientes. Com as estrelas as progressões são diferentes. A estrela quanto mais velha, mais bonita fica. Quanto mais o tempo passa, mais charme. Os dias contam positivamente para a sua história. Os anos não às apagam.

Nunca mais vi a minha professora que alfabetizou-me. Talvez ela passe essa vida inteira, Dn. Astra, sem que uma linha seja dita de quanto foi belo o seu trabalho. De como fez pessoas melhores, de como sua luz, acendeu luzes. É um equivoco acreditar que estrelas sejam rostinhos sem espinhas, bundas durinhas sem ou com silicone. Gente que não faz e ganha muito.

Lá atraz, entre os povos tribais, isto tudo estava relacionado com os sábios, os bravos, os mágicos, aqueles que nasciam com alguma diferença. Tão diferente para um mundo que só aceita iguais.

Coisa chata essa riqueza.

Aí canta uma musiquinha fica de estrela por algum tempo. Aí escreve um livro de auto-ajuda e fica de estrela por algum tempo. Aí faz um programete de auditório só com bobagens e fica de estrela por algum tempo.

Mais dia, menos dia, vai entrar a primavera e o céu vai ficar mais limpo e poderemos ver as estrelas com mais facilidade. Não dá para crer que estamos fadados a andar pelo resto de nossas vidas de óculos escuros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário