quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Piano.


Somos senhores dos nossos destinos ou os nossos destinos são nossos senhores? Não precisamos mais do que dois olhos para enxergar. Muitos, não precisam mais que um. E outros enxergam mesmo sem nenhum. Viemos de alguma fábrica, que desconhecemos o endereço, mas ela já pensando no caso de troca ou devolução nos mandou completos.

Completos para ir a busca da nossa própria felicidade.

Colocar nas mãos de outro nossa felicidade deveria dar cadeia. Temos ficado presos aos elogios de tantos fulanos e ciclanas. Uma comédia. Um circo. Uma novela pior que os piores pastelões mexicanos. E o resultado de tudo isso é geralmente pena de morte. Morte de nós mesmos.

Uma receita mal elaborada é aquela que nunca dá certo. Milhões de pessoas tentam e a massa continua abatumando. Sempre falta um molho. A coisa ou fica muito salgada ou a coisa fica muito melada. Colocar nossa felicidade nas mãos de outro é uma receita que nunca dá certo.

Vá para frente do espelho e tente ficar bonita para você mesma. Leia novamente aquele relatório e pergunte para dentro de você se ali está o melhor de você? Ao acabar de dar aquela aula responda-se: era o melhor de mim.

Vamos acabar com os intermediários da nossa felicidade. Tipos que tem nomes como alma gêmea, cara metade, o pedaço de mim, a metade afastada de mim.

Nenhum navio fica para sempre no mesmo porto. Quando o senhor da nossa felicidade nos dá alforria, então como agir com a nossa liberdade? Não importa porque foi. Foi porque se tornou adulto, porque cansou da nossa cara, porque ficamos. Choramos. Não choramos pela partida, choramos mesmo porque mais uma vez é hora de conduzirmos nossa própria felicidade. A história pode ter um cenário diferente, mas é sempre a mesma. Ficamos num vazio danado.

Estamos precisando de carinho, mas é do nosso carinho. Estamos precisando de reconhecimento, mas é do nosso reconhecimento. Estamos precisando de amor, mas é do nosso amor. Estamos precisando sonhar, mas é o nosso sonho. Ninguém tem a mão tão grande para ir tocar lá dentro do nosso coração. Ninguém tem as palavras tão apropriadas para convencer os nossos ouvidos e nenhum sonho pode terminar em bem –me-quer, se nós mesmos não formos os protagonistas dele.

Um piano pode ser tocado com quatro mãos, mas cada par de mãos têm que saber exatamente que, se acaso aquele outro par de mãos não estivesse ali, a vida seria tocada com a mesma beleza.

Um comentário:

  1. Ler-te é a certeza do encantamemto... és uma fonte de inspiração pra mim, meu querido...

    Sim, descobri que poderia tocar a vida do meu jeito(ou ao menos quase)à duras penas...mas
    essa descoberta me libertou...revelou minhas asas que estavam escondidas, sempre voando nos ombros de alguém...na direção que o outro queria...
    Ao descobrir que poderia voar e tocar a harpa do sonho que eu imaginasse...nunca mais fui a mesma...sou tantas outras que nem conhecia...


    Simplesmente magnífico!!!Com a leveza de um pássaro que sabe que voar é preciso, para além dos muros de concreto do nosso próprio interior...

    Eu te amo!
    obrigada por tudo que me dás...assim, sem nada em troca...

    com amor
    Blue

    ResponderExcluir