Por muito tempo as livrarias foram lugares habitados por gente de outro mundo. Que coisa séria. Obter conhecimento nesse tempo era sinônimo de lentes garrafais, pouco batom, cabelos lambidos e um ar de extraterreno.
Os livros agora percorrem as mãos da gente desse mundo. Gente que procura respostas. Respostas de amor, respostas científicas, procuram o trem e a bagagem, o cálice e o vinho, as asas e o vôo. Nunca encontram e por isso continuam procurando.
Camila está lá com a sua mãe. Ela lê alto e camila ri. As duas dividem a mesma poltrona, o mesmo sonho, a mesma mágica. Alguém passa e as chama - para cá. Para dentro do mundo real. Elas atendem, mas logo em seguida voltam e começam a rir novamente.
Camila é bela, muito bela. Não usa óculos, não tem cara de uma pessoa fora desse mundo e demonstra um ar de quem gosta de algumas boas horas em frente ao espelho. É nova, uma pequena menina, mas que já tem escrito no seu rosto que ela é verão, esteja no inverno ou no outono. Sobe e desce as escadas da livraria correndo, intimamente conhecedora de cada degrau. Percorre os corredores com muita destreza. É leve porque só à tristeza é que pesa. E tristeza é um mal que Camila não sofre.
Está boquiaberta com a possibilidade do bruxo, mesmo sendo um bruxo, também possa ser um príncipe. Detraidamente deixa que um pingo do seu pirulito caia sobre parte da história. A mãe olha para ela com uma cara de quem está a repreendendo. Camila não está preocupada. Olha para mãe e responde:
- Agora a história ainda está mais doce, mamãe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário