quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Livraria.


Por muito tempo as livrarias foram lugares habitados por gente de outro mundo. Que coisa séria. Obter conhecimento nesse tempo era sinônimo de lentes garrafais, pouco batom, cabelos lambidos e um ar de extraterreno.


Os livros agora percorrem as mãos da gente desse mundo. Gente que procura respostas. Respostas de amor, respostas científicas, procuram o trem e a bagagem, o cálice e o vinho, as asas e o vôo. Nunca encontram e por isso continuam procurando.

Camila está lá com a sua mãe. Ela lê alto e camila ri. As duas dividem a mesma poltrona, o mesmo sonho, a mesma mágica. Alguém passa e as chama - para cá. Para dentro do mundo real. Elas atendem, mas logo em seguida voltam e começam a rir novamente.

Camila é bela, muito bela. Não usa óculos, não tem cara de uma pessoa fora desse mundo e demonstra um ar de quem gosta de algumas boas horas em frente ao espelho. É nova, uma pequena menina, mas que já tem escrito no seu rosto que ela é verão, esteja no inverno ou no outono. Sobe e desce as escadas da livraria correndo, intimamente conhecedora de cada degrau. Percorre os corredores com muita destreza. É leve porque só à tristeza é que pesa. E tristeza é um mal que Camila não sofre.

Está boquiaberta com a possibilidade do bruxo, mesmo sendo um bruxo, também possa ser um príncipe. Detraidamente deixa que um pingo do seu pirulito caia sobre parte da história. A mãe olha para ela com uma cara de quem está a repreendendo. Camila não está preocupada. Olha para mãe e responde:

- Agora a história ainda está mais doce, mamãe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário