sábado, 15 de maio de 2010

[a voz silenciosa]



Os pés que andavam pelos corredores cautelosos. O barco ia levando aqueles sonhos. Pensamentos que se divertiam apenas em imaginar as ruas com seus sorrisos saudáveis. Iam pacienciosos. Nada mais de pressa, um sono de paciência e espera. Os que descansarão que descansem em paz.

Tudo que vai , volta. As visitas vão e voltam, a enfermeira vai e volta , a respiração vai e volta. Ele vai e volta.

Uma sexta-feira que lá fora, bem perto daqui tomavam boa cerveja gelada, bom beijo quente, boas risadas. Entendo só agora porque ela nunca conseguiu amar. Tinha se misturado com aquele ambiente sem brilho. Uma madeira tão bonita que nunca achou artesanato. Se rodeou de tudo que era duro, comprado, pra sempre e se assegurou que com aquilo seria forte. Sua vida para agora ficou tão frágil, que mal suportava o vento de um dia com amor e outro sem. Resolveu nunca mais amar alguém de verdade para não adoecer. É evidente que dia que outro, por causa detudo isso, foge para dentro de alguns comprimidos.

Escutou a voz silenciosa da porta dizendo boa noite: o sono não entrava. Mas e agora, será que quando voltassem para casa o pai seria metade do mesmo? Um pouco mais da metade não era pedir muito - comentou com o travesseiro esperando que Deus lhe ouvisse.

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