quarta-feira, 23 de junho de 2010

[santa catarina]

"Oh meu amor, não fique triste

saudade existe pra quem sabe ter,

minha vida cigana me afastou de você,

por algum tempo vou ter que viver,

longe de você,

longe do seu carinho,

longe do seu amor..."


Por vários meses ensaiaram aquele encontro.

Tudo começou com um mero acaso. Numa daquelas salas de bate -papo, num carnaval que nada tinham para fazer, uma terça que já era de cinzas para ambos. Ele se meteu numa conversa dela com tamanha violência e ela o cortou na mesma moeda. O corte foi tão profundo que gases e metholate teriam sido pouco para tratar a ferida. Mas, era carnaval, ele nem deu bola. Bola pra frente, nem foi comigo, estamos aí para o que der e vier.

Não perguntaram a cor dos seus cabelos, nem quanto mediam o que faziam da vida. Foram falando das suas canções prediletas, dos seus escritores preferidos, das suas cidades, dos seus passeios e quando se deram por si estavam íntimos. Passaram a se escrever, se prometer, se sentir falta. Um dia estavam platônicos.

Queriam curar aquela platonicidade. Aquele amor que não se tocava e que não se beijava. Aquele amor que sentia frio, mas não sentia calor. Queriam curar aquela ausência.

Ela disse que vinha e ele disse que a buscaria no aeroporto.

Ele disse que ia e ela disse que o buscaria no aeroporto.

Ele e ela nunca tiveram coragem de atravessar a rua. A chave do carro ficou no chaveiro. O portão elétrico nunca levantou. E as malas? Que malas? O café esfriou sobre a porcelana da mesa da cozinha, o despertador chamou, mas permaneceram dormindo. Algumas desculpas, nenhumas desculpas, todas as desculpas. Ele saiu para o cinema. Ela foi preparar um sanduiche. E eles passaram uma borracha naquela história de adolescentes.

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