quinta-feira, 2 de setembro de 2010

]seios[




Desde pequeno gostei de seios. Não por inveja, mas porque me causavam curiosidades. Algumas vezes imaginei que pudessem ser um incomodo. Outras vezes pensei em entretenimento, mas na maioria delas sempre vi como beleza. Era nessa beleza que curiosamente sempre cuidei de canto de olho quando as mulheres se debruçavam nos balcões, quando usavam blusas brancas, quando seus sutiãs eram um número a menos e seus seios estavam lá como Pão de Açúcar. E quando chovia. A chuva dá aos seios um mistério do velado no revelado.

Nunca me botei a olhar por buracos de fechadura, por frestas de portas ou janelas entre abertas. Os seios de uma mulher são sua face, seu rosto, suas intensidades, seus gostos e desgostos. Vê-los simplesmente, sem que exista ali o semblante de quem os possui nada mais é do que nada.

Quando era menino os seios me pareciam duas bolas de gude, quando amadureci tive plena certeza que eram as esferas mais radiantes que um corpo de mulher pode ter. Nunca me passou pela cabeça que os seios estavam lá simplesmente para que pudessem ser usados como um veículo de alimentação. Seria de uma displicência incrível de quem os criou. Sempre me pareceu que o criador desenhou ali frutas. Sendo assim, alguns seios têm formato de pêssegos, outros de morangos, há os que parecem com peras e os abundantes são uma grande concentração de amoras. Sempre tropicais, os seios são sempre tropicais. Exigem eles uma grande liberdade, um remexer-se, um dançar, um frenesi. Mesmo aparentando frutas de inverno brotam no verão, é essa a estação. A sua estação.

As mulheres carregam seus seios como quem carrega suas existências. Acredito que lá dentro trazem bilhetes de antigos amores, histórias de quando deixaram de ser meninas, portas que se fecharam e arco-íris que se fotografaram. Neles estão às marcas dos afetos, dos carinhos, de mãos que mesmo rudes foram delicadas e de mãos que mesmo querendo ser delicadas foram rudes. Geograficamente se encontram lá em cima, à frente, algum espaço primeiro de todo encontro. Os seios abraçam muito antes de todo o corpo. Quase como um sensor – isso se perderá, isso ficará em meus seios por uma eternidade.

Diante de seios homens viram meninos. Diante de seios meninos viram homens. Mesmo já conhecidos, algo fala neles e são essas palavras que os tornam sempre outros. Outros como nunca vistos.

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