quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A paz vale a Pena.

Toda vez que falamos em paz, logo pensamos em não-violência e rapidamente estamos diante da imagem daquele camarada de cor de cuia, ocoluzinhos e franzino, chamado Mahatma Gandhi que conquistou a libertação da Índia através da paz.

Com certeza essa paz é o sonho de consumo de todos nós. Mas, como um sonho, vamos deixando para adquiri-la amanhã, depois de amanhã, mais tarde. Até que isso se tornou um tirar sozinho na mega-sena. Acredito que desta forma não estamos indo a lugar algum, ou melhor, estamos fazendo o jogo daqueles que querem fazer a guerra: o pessoal do tráfico, a galera dos políticos corruptos, a turma da indústria bélica, o comando vermelho daqueles que exploram trabalho de qualquer espécie infantil ou não, a gang dos gigôlos que vivem de prostituição.

A paz começa dentro de casa. Não essa casa feita de alvenaria ou madeira. Falo dessa casa que se chamada alma. A paz começa na alma. E tudo que é feito pela alma se torna grande porque é feito pequeno. Já não temos paz em lidar com nossos filhos. Quando chove ficamos bem loucos para sair de casa e aquela criançada não destruir tudo. O que aconteceu? Ficamos tão inteligentes que não podemos mais sentar no chão e jogar três marias?

Não dá para esperar que alguém saiba o que seja paz quando pingos de chuva caem pela janela e é socado na frente de uma TV. Desaprendemos a conviver em grupo, estamos todos espremidos dentro dos nossos quartos, da alma, pensando no que?

Temos uma relação completamente agressiva com a natureza. Não estou falando das matas que são destruídas para se fazer shopping, nem dos animais que são mortos para fazer casacos de pele. Estou falando das formigas que derrubamos com uma porrada sobre a mesa. Estou me recordando que tempos atrás um tio meu mandou cortar uma árvore porque estava quebrando a calçada. Onde estamos com a cabeça? Como podemos viver em paz quando destruímos diariamente outras vidas com total descaso. Ao matar um animal, mesmo um rato, fico pensando como se sentirá a mãe dele quando não receber mais notícias. Quando não aparecer para o almoço de domingo. Que tristeza. Temos espalhado uma tristeza danada no nosso dia-a-dia. Se imediatamente não aprendermos a sorrir e a fazer sorrir, não vamos ter paz. Brincar é o play ground da paz.

Estão ali se mordendo no trânsito, como cobras um puxando o tapete do outro no emprego, raposas são astutos em tirar proveito naquele negócio, bichos - preguiças não levantam aquela bunda nem pra alcançar uma faca, ainda tem a espécie abelhinha, só melsinho na chupeta, sem falar nos urubus, só batem em gato morto. Ia me esquecendo das gralhas que entram só pra arrumar confusão. Cadê as araras azuis, os golfinhos, os sabiás, as corujas, os beija-flores. Não dá pra ir atrás da paz do Gandhi sem se importar que a sua amiga perdeu o namorado e está muito aflita. Não dá para querer paz virando as costas pra aquele filho do seu vizinho que você viu fumando maconha e não vai contar nada para os pais dele, pois não quer se incomodar. A paz passa na nossa vida diariamente pedindo pra que se abra a porta. Abra a porta para conversar com aquele colega que chegou com ares de depressão. A paz pede que se abra a porta para tomar um sorvete, ir buscar uma rosa, cantar uma música desafinadamente, tirar um tempo para agradecer o que não veio porque o que está para vir será muito melhor. A paz pede para que não façamos guerra com a vida.

É esse pequeno mundo que tem que mudar pra gente chegar naquele grande mundo do Gandhi. Quando vencemos através da paz a história se repete - ganhamos a liberdade. A liberdade para amar, para ter prazer, para sabermos para onde estamos indo. A liberdade de viver.

Um comentário:

  1. Doce amigo,

    Paz é deitar de costas na grama, de pés descalços, com seu filho de 4 anos ao lado e curtir aqueles 3-4 minutos (é o que eles aguentam) observando o céu azul e imaginando o que seriam as formas encantadas das nuvens brancas que balançam no céu, como a esperança.

    Com carinho e admiração
    Angel

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