quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Hipertensão.


O médico disse que ele teria que tomar aquele beta-inibidor.

E as contra-indicações? Perguntou-lhe quase que automaticamente.

Calmamente o médico lhe anunciou que baixaria o seu rendimento na prática esportiva, na prática sexual, mas com isso não teria nenhum risco de morte súbita.

Pensou ele cá com seus botões. Um coração que nadará mais devagar, que correrá mais devagar, que fará amor mais devagar, que não viverá mais ofegante. Que coração desmaiado seria aquele?

Por vários meses tomou o remédio. Até que um dia voltou ao consultório.

Doutor? Sinto falta do meu antigo coração. Aquele que pulsava mais compulsivamente.

Ele pode estar curado, mas não alegre. Sinto que as outras partes do corpo estão entristecendo. Desde então, guardou o beta-inibidor na gaveta e se deixou viver com alto risco de morte súbita.

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