quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Monólogo I


O que se faz quando se espera uma notícia única? Um olhar único? Uma palavra que seja apenas para nós? De que é composto o amor se não de vários pequenos momentos, que não ocupam lugar, mas expandem o tempo. O retrato daquela viagem, daquela manhã de sol, daquela música que marcou o primeiro encontro, o silêncio do admirar, a água chiando e o café pela tarde. Tarde que vagabundeava na rede.

O amor que não chega a sua conclusão é o pior amor vivido. É o amor que disse sim dizendo não e disse não quando deveria dizer sim. Não somos culpados por aquilo que fazemos e não dá certo, nos culpamos por aquilo que não fazemos. A vida fica mais pesada quando nos separamos de nós mesmos. O trem da esperança, o trem pintado de verde, o trem que acredita, desmaia. Não são os amores perdidos que impedem que novos entrem, é a previsão do tempo. Insistimos em sempre prever tempo de chuva para amar novamente.

Cadê aquele espírito de meninos que se jogavam de cabeça em qualquer mar? O que fizemos de nossos diários que colávamos corações e mais corações? Íamos para as festas e esperávamos uma noite inteira só para que pudéssemos dançar uma música lenta bem juntinho com o nosso amor e voltávamos sonhando até a próxima festa ser marcada novamente.

Nada me tira da cabeça que amar é a matemática sem números. Nunca ninguém ganha nem perde. Não se coloca numa máquina registradora os beijos dados, os abraços conferidos, as meigas palavras. O amor é uma conta que quem conta só perde.


Insistimos em não andar. No amor tem acontecido o mesmo. Não andar economiza os sapatos, mas também como descobrir se eles são macios ou podem vir a ficar macios.

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