Fantasmas perambulam a cama de Arquimedes. O filósofo não
tem porque dar Eureka. Mesmo depois de ter inventado o grego, a hidrostática e
outras tantas e tantas descobertas, não conseguiu solucionar uma fórmula
simples - declarar-se para Ádria.
Remeteu correspondência para Venécia, pediu ajuda para os
Etruscos, mas não teve coragem de vencer o Mar Adriático e mesmo com a alavanca
tornou-se impossível mover esse mundo. Mundo tão fácil. Bastavam algumas
palavras, um punhado de verdade nos olhos e química. Essa que vem pela pele,
pelo enxame de estrelas, pela aurora, por aquilo que talvez Arquimedes tenha
nascido sabendo, mas que o saber filosófico tenha guardado tão profundamente,
que não consegue encontrar mais.
O que não chegou não está perdido. Não se sabe a
profundidade do rio até se nadar nele. A regra é a primeira exceção do fato.
Mesmo depois de tanto tempo não usando açúcar não quer dizer que o próximo café
não possa ser doce. O beijo é o início, porque todo início está na boca, sendo
assim é dia e é noite.
Tinturas. Eles ligaram e sorriram. Deram felicidades e
disseram alguns elogios para Arquimedes. Mas pouco auxiliou naquele momento,
seus ouvidos estavam sem olhos e os ouvidos precisam de olhos para ver o que há
de bom. O mais hilariante é que quanto menos há luz, mais nossos fantasmas se
tornam luminosos.
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