Ele fez alguns favores para ela, mas ela nunca reconheceu.
Só reconheceu que naquele dia que ainda não era hora do almoço, nem ainda
poderia se dizer “boa tarde”, ele disse que não a desejava mais. Ela não desejou almoçar, também não desejou
fazer a cesta habitual antes de voltar para o trabalho duas quadras de casa,
não desejou trabalhar, mas foi. Quando
voltou não desejou jantar.
Desde
então ela falou mal dele. Ele a ajudou com pequenos afazeres, com pequenos
saberes, mas ela continuou falando mal dele. Pensou em mandar um telescópio
para que pudesse enxergar o que ele já tinha feito por ela e quantos
defeitos ela tinha tirado de dentro
daquela cartola para observar nas festas com as amigas, nas reuniões , nas salas
de estudo, o quanto ele não prestava.
De
oito a doze horas por dia, sete dias por semana, meses a fio ele passou a
adoecer com aquela situação. Foi num desses dias que abandonou a posição
refinada e mandou para ela um olhos mágico.
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