domingo, 16 de outubro de 2011

[ponto cego]


Ele fez alguns favores para ela, mas ela nunca reconheceu. Só reconheceu que naquele dia que ainda não era hora do almoço, nem ainda poderia se dizer “boa tarde”, ele disse que não a desejava mais.  Ela não desejou almoçar, também não desejou fazer a cesta habitual antes de voltar para o trabalho duas quadras de casa, não desejou trabalhar, mas foi.  Quando voltou não desejou jantar.

                  Desde então ela falou mal dele. Ele a ajudou com pequenos afazeres, com pequenos saberes, mas ela continuou falando mal dele. Pensou em mandar um telescópio para que pudesse enxergar o que ele já tinha feito por ela e quantos defeitos  ela tinha tirado de dentro daquela cartola para observar nas festas com as amigas, nas reuniões , nas salas de estudo, o quanto ele não prestava.

                  De oito a doze horas por dia, sete dias por semana, meses a fio ele passou a adoecer com aquela situação. Foi num desses dias que abandonou a posição refinada e mandou para ela um olhos mágico.

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